domingo, 28 de junho de 2015

Fichamento Comentário

UMA POLÊMICA EM RELAÇÃO AO EXAME

O texto traz a evolução da prática do exame na história da pedagogia, mostra como nem sempre se vinculou exame a certificação nem atribuição de notas ou conceitos.
·      “ O exame é um efeito das concepções sobre a aprendizagem, não o motor que transforma o ensino.” (p.51)
O exame é um instrumento usado pelas concepções sobre aprendizagem, mas é um instrumento que não pode ser considerado como a solução para se resolver todos os problemas do ensino.
·       “ Em termos operativos esta política se concretiza numa redução real do orçamento para educação. A ordem é “fazer mais com menos”. De fato busca-se que em termos constantes resulte mais econômico o gasto destinado a cada estudante no sistema educativo.” (p.53)
A nova política educativa diminui os investimentos para a educação e acredita que é possível fazer o trabalho com menos investimentos.
·      “ Todo mundo sabe que o exame é o instrumento a partir do qual se reconhece administrativamente um conhecimento, mas igualmente reconhece que o exame não indica realmente qual é o saber de um sujeito.” (p.54)
Aplicar um exame para saber se um aluno realmente aprendeu tudo que foi dado em uma aula é um instrumento utilizado constantemente, porém é necessário reconhecer que o exame não pode detectar realmente o conhecimento de um sujeito e resolver problemas sociais.
·      “ É habitual que tanto os estudiosos da educação como qualquer pessoa comum pensem que o exame é um elemento inerente a toda ação educativa.” (p.55)
É natural que todas as pessoas pensem que examinar os estudantes depois de uma aula é a melhor forma de saber se eles realmente aprenderam tudo que foi estudando durante as aulas, porém essa ideia foi quebrada através de um estudo sobre a história do exame nas práticas sociais que trouxeram três evidências importantes para quebrar esta afirmação.
·      “ Afirmamos que o exame é um espaço social superdimensionado . Também enuciamos que o exame não pode resolver uma infinidade de problemas que condensam nele.” (p.57)
O exame não pode resolver problemas que foram gerados em outras instancias sociais, como por exemplo, melhorar a qualidade da educação, melhorar o aprendizado dos estudantes, nem aos estudos de processo de cada estudante, enfim o exame não pode resolver esses tipos de problemas se a própria estrutura social não colabora, pois a estrutura social é importante porque se não há estrutura social adequada consequentemente a qualidade da educação também não vai ser boa.
·           “ Uma das funções atribuídas ao exame é determinar se um sujeito pode ser promovido de uma séria para outra. Sob esta idéia central aparecem outras duas funções: permitir o ingresso de um indivíduo em um sistema particular (caso do exame de admissão) ou legitimar o saber de um indivíduo através de certificação ou da outorga de um título profissional.” (p.58) 
Em relação a este trecho acredito que o exame apenas diz se você foi aprovado ou não, se você está apto ou não para o mercado, porém só o diploma não é capaz de dizer se você é capaz de concorrer ao seu objetivo.
·           “ O exame realiza uma aversão entre os problemas de método e os de rendimento. Uma revisão cuidadosa da história da educação mostraria que em muitas práticas pedagógicas não existiu nada similar ao exame.” (p. 60)

O exame só era realizado entre os alunos que mostrassem-se seguros de realizar o mesmo, para poderem ter êxito. Não se decidia a promoção do estudante nem a sua nota por um resultado de exame, porque ele estava totalmente ligado ao método.

· “ Quando o aluno não aprende o autor recomenda que o professor revise seu método. Ainda assim, explicitamente indica que o aluno não deve ser castigado porque criaria uma aversão ao estudo.” (p.60)

O autor indica que quando o aluno mostrar que não aprendeu o professor deve procurar rever seu método e mudar o que for necessário nele, pois o aprendizado está associado ao método utilizado pelo professor. Mas, o aluno não deve ser castigado porque seria uma atitude que poderia deixar o aluno constrangido e ele poderia se desestimular nos estudos.

· “ O exame deixou de ser um aspecto do método ligado à aprendizagem. Por outra parte, perverteu a relação pedagógica ao centrar os esforços de estudantes e docentes apenas na certificação.” (p. 61)

O exame não é mais um aspecto ligado ao aprendizado do aluno, agora a pedagogia do exame consistia em uma pedagogia articulada em função da certificação.

· “ De fato, em nosso século, a pedagogia deixará de referir-se ao termo exame, o substituirá por teste (que aparentemente é mais científico), e posteriormente por avaliação ( que tem uma suposta conotação acadêmica).” (p. 63)

O termo teste é aparentemente mais científico e é considerado mais válido quando se trata de cuidar do psicológico de um indivíduo, servia para medir o nível intelectual, se os estudantes mereciam receber educação de acordo com sua inteligência ou se seriam mandados para as fábricas por não ser tão inteligente. A avaliação aparece como forma de o professor ser mais um educador e deve ir além da aplicação do exame.

· “ A construção das provas de inteligência (BINET,1905) constituiu um enclave privilegiado para justificar as diferenças sociais apresentando-as apenas como individuais.” (p.64)

As provas serviam para diferenciar se um aluno era mais inteligente ou tinha mais capacidade que o outro.

· “ Os usos educativos dos testes no plano ideológico possibilitaram que na escola se apresentasse o debate biologista sobre as diferenças individuais.” (p. 67)

Alguns estudantes passaram a receber educação de acordo com seu nível de inteligência, enquanto outros eram destinados a serem operários por não serem tão inteligentes, por outro lado poderiam se tornar operários qualificados.

· “ São os princípios da administração científica os que utilizam o termo controle. Na evolução de seu manejo, este termo conforma um mais sutil porém igualmente efetivo: avaliação. A substituição de um por outro se deve à necessidade de utilizar um termo neutro (avaliação) que reflita uma imagem acadêmica e simultanemanete possibilite a idéias de controle. Assim, no século atual, o debate sobre o exame transitou em direção aos testes e recentemente se fincou no termo avaliação.”( p. 72)

O termo avaliação é visto na atualidade como medição e o professor passa a ter um papel além de professor mas também educador. Avaliar deveria ser um processo onde o estudante fosse orientado, porém na prática não acontece dessa forma.

· “ Assim expressam que “a avaliação vista como atitude crítica vai além da aplicação do exame. Dentro de um sistema de ensino integral é o controle do que se faz em classe e fora dela.”” (p. 75)

Esse tipo de exame tem um controle maior em sala de aula e fora dela, onde procuram medir os alunos todos da mesma forma objetiva.

· “ Frequenta-se a escola para obter notas. O surgimento das notas modificou os eixos do trabalho da pedagogia. A teoria técnica do exame construiu uma pedagogia centrada nele próprio. A pedagogia do exame se mostra a si mesma como eficiente quando consegue representar com um número a aprendizagem do estudante.” ( p. 77)

Os estudantes vão hoje a escola apenas para se obter uma nota sem nenhum interesse no aprendizado. Essas notas desvalorizam de certo modo o trabalho pedagógico, onde ele acredita que alcançou o aprendizado dos alunos através de uma boa nota deles, com isso os alunos apenas focam em um instrumento que é passar no exame.

Referências:
BARRIGA, Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame. In: ESTEBAN, Maria Teresa (org.). Escola, currículo e avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. 5. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p. 51-82.

Um comentário:

  1. Adorei, muito obrigado!! Estava procurando referencias na internet e achei seu Blog. =)

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